Equipamentos que podem salvar vidas viraram alvo de suspeitas na Santa Casa de São Carlos (SP), principal hospital da cidade. Documentos apontam indícios de que máquinas de R$ 2,5 milhões foram compradas de uma empresa que não existe fisicamente e que os preços pagos estariam acima dos praticados pelo mercado.
As notas fiscais mostram que os produtos foram vendidos pela Prote-news Comércio de Equipamentos Hospitalares Ltda. De acordo com os dados do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídicas da Receita Federal e da ficha da Junta Comercial do Estado de São Paulo, a empresa pertence a Mauro Goularte Neves.
“Não existe nenhuma autorização junto à Vigilância Sanitária dessa empresa para vender produtos hospitalares”, afirmou a diretora do órgão no município, Carolina de Oliveira Pinto.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que a Prote-news também não tem autorização para vender equipamentos médicos, o que é exigido na legislação.
Depois da denúncia, a Santa Casa abriu uma auditoria para apurar as compras. O provedor do hospital informou que entrou na Justiça contra a fornecedora e que desconhecia a necessidade de autorização da Anvisa para uma empresa vender produtos hospitalares.
“Essa informação nós estamos obtendo agora e será objeto até, se possível ainda, de um aditivo nessas ações para pedir a exibição dessa autorização por parte da Anvisa”, disse Antonio Valério Morillas Júnior.
Questionado pela reportagem se faltou cuidado ao fechar um negócio milionário com uma empresa irregular e que usa endereço falso, Morillas disse que o hospital fez o procedimento que era necessário. “É um fato de que nós tomamos conhecimento depois. Não tínhamos conhecimento, simplesmente verificamos a sua legalidade no estado e no âmbito federal e é o necessário, os equipamentos estão aí, com nota fiscal, e através da auditoria nós esperamos agora esclarecer todos esses fatos”, ressaltou.