Brasil tem custo do leito 28% mais alto do que os EUA
Pesquisa da UFMG aponta dificuldades dos gestores brasileiros em comparar e gerenciar custos dos procedimentos por causa das peculiaridades na assistência
Médicos pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fizeram um estudo para calcular a produtividade dos leitos dos hospitais brasileiros e estabelecerem comparação com os hospitais americanos, que usam a metodologia DRG (diagnosis related groups ou grupos de diagnósticos relacionados) para determinarem o grau de risco clínico do paciente com a finalidade de gerenciamento da qualidade assistencial-hospitalar e de custos.
Foram analisados para a pesquisa 145.710 relatórios de altas em 117 hospitais brasileiros, tanto do SUS quanto privados. Foi considerado o tempo em dias de permanência no leito hospitalar como o fator dominante que está diretamente ligado ao custo e desempenho da produção assistencial. O estudo concluiu que a produtividade dos hospitais brasileiros estudados é 28,4% menor que a dos hospitais americanos, sendo ainda inferior para os tratamentos clínicos.
Sendo assim, é possível tratar pacientes na mesma categoria de risco DRG dos pacientes estudados utilizando 28% a menos de leitos hospitalares. De acordo com Renato Couto, a economia potencial por ganho de produtividade pode ser estimada em bilhões de reais por ano. “Apenas na saúde suplementar o custo anual da assistência hospitalar é da ordem de R$ 32 bilhões. O aumento de 28% da produtividade hospitalar é uma oportunidade de melhoria de uso de recursos no sistema de saúde nacional”, comentou.
Na análise de Couto, a complicação de quem gerencia um hospital é comparar e gerenciar custos dos procedimentos, pois há milhares de peculiaridades na assistência. “Por exemplo, uma cesariana realizada em uma jovem sem nenhum problema de saúde é diferente de uma cesariana em uma gestante com hipertensão, diabetes gestacional, obesa e com mais de 40 anos”, diz. Dessa forma, o professor vê o modelo DRG como uma solução para a falta de previsibilidade de custos.
Hoje em dia a ferramenta é usada em hospitais, e fontes pagadoras públicas e privadas em países da América do Norte, de toda a Europa Ocidental, África do Sul, Ásia e Oceania. Atento na tendência, Couto já estuda o DRG há dez anos e faz parte de uma equipe de médicos PhDs do Instituto de Acreditação e Gestão em Saúde (IAG Saúde), com sede em Belo Horizonte (MG), que ajustou o padrão norte-americano para o sistema de codificação brasileiro.