A calibração, em suas mais variadas áreas de
aplicação, é requerida na área de Saúde por instituições em busca de segurança,
confiabilidade e qualidade.
O que torna a atividade de calibração tão
importante, é que permite traçar o perfil de um dado sistema, evidenciando o
seu nível de desempenho e as suas imperfeições – desde que executada da maneira correta. Sim, isso mesmo, tem muito
hospital “comprando gato por lebre”.
Sabendo disto, e com objetivo de ajudar você e
seu hospital na hora de contratar os serviços de Calibração, elaboramos com
ajuda da nossa equipe de Metrologia o artigo abaixo com “07 Dicas de como contratar calibração”.
Boa leitura e deixe seus comentários no
Blog!
07 DICAS DE COMO CONTRATAR CALIBRAÇÃO
1º
DICA - O que calibrar e para que calibrar?
O primeiro passo para se contratar
calibração é avaliar qual a motivação e objetivos do hospital. Este
entendimento é importante para melhor orientar e definir os serviços que se
deve contratar, por exemplo:
a)
Se o hospital está
buscando acreditação e por exigência precisa ter seus equipamentos calibrados,
buscará de uma forma mais ampla e geral a calibração para todos os equipamentos
que precisam de controle metrológico.
b)
Por sua vez o
hospital que está contratando serviços de calibração mais motivado por
preocupações com a segurança e confiabilidade de seus equipamentos, poderá
concentrar os esforços na calibração dos equipamentos mais críticos, que
oferecem risco físico em caso de falha.
Observe que para a primeira motivação, o
programa de calibração tende a ser mais abrangente, enquanto para segunda, o
programa tende a ser mais específico e rigoroso.
Entendendo qual objetivo do hospital, o
contratante poderá listar melhor quais equipamentos precisam ser calibrados.
2º
DICA – Quais parâmetros calibrar?
Mas
não basta listar quais equipamentos precisam ser contemplados pelos serviços de
calibração, é fundamental que o hospital também defina quais parâmetros de cada
equipamento precisam ser calibrados.
Imagine
que um hospital precise calibrar 10 monitores de sinais vitais e esteja fazendo
cotação desses serviços com duas diferentes empresas de calibração. A primeira
empresa pode estar oferecendo calibração de apenas 03 parâmetros (temperatura,
pressão e ECG), enquanto a segunda de 04 (temperatura, pressão, ECG e
oximetria).
Portanto,
para que a concorrência seja justa e equalizada, é importante que o contratante
defina para cada tipo de equipamento quais parâmetros deseja calibrar.
3º DICA – Qual local de calibração?
Muitas calibrações podem ser realizadas
nas próprias instalações do contratante ao invés de serem enviadas para o
laboratório de calibração. A vantagem de fazer no hospital é reduzir o tempo de
indisponibilidade dos equipamentos.
Claro que quando são poucos equipamentos
se torna mais econômico envia-los para o laboratório, dados os custos de
deslocamento do técnico até o hospital.
As calibrações que não podem ser feitas
no hospital são aquelas que exigem condições ambientais específicas e
controladas, o que pode envolver controle da temperatura e umidade e até mesmo
o conhecimento da pressão atmosférica do local.
Na prática, tendo no hospital um local
com bancada de trabalho em condições ambientais minimante adequadas, já é
possível realizar a calibração de boa parte dos equipamentos lá mesmo.
Portanto, vale a pena você questionar isto com a empresa antes de contratá-la.
4º
DICA – Possui padrões rastreados?
Parece básico, mas é importante
perguntar se o fornecedor possui os instrumentos, analisadores e padrões
adequados para realizar o serviço. A capacidade de uma empresa realizar
calibração está diretamente ligada ao arsenal e estrutura que dispõe em seu
laboratório.
A ação indicada é a seguinte: solicitar
da empresa fornecedora que envie o certificado de rastreabilidade ao INMETRO de
todos os instrumentos, padrões e analisadores que serão utilizados na
calibração contratada.
Além de ser exigido em norma, o
certificado de rastreabilidade é uma evidência de que o laboratório mantem
controle de qualidade de seus equipamentos. Portanto, isto deve ser condição
obrigatória para contratação!
5º
DICA – Qual faixa de pontos calibrar?
A faixa de calibração também é uma
questão que deve ser acordada na contratação da calibração. Vou explicar com um
exemplo:
Imagine que você tem uma balança cuja
escala em kg permite medir cargas de 1 kg até 21 Kg, ou seja, essa é a faixa
total dela. Mas digamos ainda que esta balança esteja sendo empregada num
processo que só envolve a pesagem de objetos que vão de 5 kg até no máximo 17
kg. Veja a ilustração:
Se você não falar nada para empresa que irá
calibrar esta balança, o mais provável é que ela calibre os pontos conforme
exemplo (A)
acima. Veja que de 05 pontos calibrados, somente 03 deles estão na faixa que é
empregada a balança.
Logo, para o exemplo acima, o ideal seria
informar para empresa que prestará o serviço de calibração que a faixa de interesse
se concentra de 5 a 17 Kg. Desta forma, todos os pontos calibrados estarão
dentro desta faixa de maior interesse, conforme exemplo (B) acima.
Da mesma forma, se um ventilador
pulmonar é aplicado na UTI Neonatal, a faixa de utilização de volume e pressão
do ar ventilado é diferente da faixa de utilização de outro que esteja
empregado na UTI Adulta. Portanto, é melhor que sejam calibrados os pontos
dentro da faixa de aplicação neonatal.
6º
DICA – Quantas leituras para cada ponto?
Após ser definida a faixa que se
concentrarão os pontos a serem calibrados, é importante verificar e definir com
a empresa quantas leituras (medições) ela fará por ponto. A quantidade de
leituras por ponto deve ser de pelo menos 03.
Está confuso? Veja a ilustração e exemplo
abaixo:
Pelo exemplo acima, foram definidos 05 pontos
para calibração de uma balança com escala em kg. Digamos que para cada um
desses pontos deverão ser realizadas pelo menos 03 leituras. Um possível
resultado para as 03 leituras no ponto de 5 kg seria: 4,8kg, 4,8kg e 4,9kg.
Na verdade, a quantidade de leituras por ponto
está associada a variabilidade do sistema que se pretende medir. Quanto maior a
incerteza de um equipamento, maior deve ser a quantidade de leituras por ponto.
Digamos, por exemplo, que as medições da balança acima tivessem maior
variabilidade e dessem respectivamente 4,7kg, 5,3kg e 4,8kg, é possível que o
mais indicado fosse realizar mais medições para ter mais dados para os
cálculos.
Geralmente um sistema totalmente digital é mais
estável do que um sistema com conversões analógico-digitais. Entenda por
“sistema mais estável”, o fato de suas consecutivas medições terem resultados
mais próximos.
A dica prática que deixamos para quem
está contratando calibração, é solicitar 03 leituras por ponto no caso de
sistemas estáveis e 05 leituras por ponto para sistemas que possam ter mais
variação a cada medida.
7º DICA – E o ajuste?
Vale comentar que muita gente que nos
procura solicitando serviços de calibração, na verdade está precisando mesmo é
de manutenção (ou ajuste) de seus equipamentos. O serviço de calibração, em si
só, não contempla o conserto ou ajuste de um elemento que esteja com mau
funcionamento.
Mas nada impede de você verificar com a
empresa fornecedora quais tipos de equipamentos ela teria condições técnicas de
realizar o ajuste em caso de mal funcionamento. Vale lembrar que a calibração
deve ser feira após o ajuste/conserto.
Uma possível sequência de trabalho,
poderia ser: (1) primeiro realizar um procedimento de Verificação (que é mais rápido e simples que a calibração); (2)
realizar o Ajuste do que for
necessário; (3) por fim, realizar a Calibração.
Para quem tiver interesse em se
familiarizar melhor com esses conceitos metrológicos acima (verificação,
ajuste, calibração), indico a leitura do nosso post “O que você sabe sobre calibração?”.
Considerações finais:
Acredito
que com o conteúdo deste post o profissional que esteja contratando serviços de
calibração terá condições muito melhores de negociar serviços de qualidade, e
mais, de equalizar as propostas tecnicamente.
Aqui
na EquipaCare isto se tornou uma preocupação, pois observamos
que o fato de muitos hospitais contratarem calibração olhando apenas para o
menor preço, tem feito o mercado de calibração se balizar em baixa qualidade e
até mesmo, vimos empresas vendendo Verificação
como Calibração.
A
melhor forma de consertar isto é dar aos hospitais as condições de comparar e
negociar as propostas de calibração, sem balizar apenas no preço. Por isto,
estamos totalmente a disposição para responder qualquer dúvida e curiosidade
que tenha sobre este tema! É só escrever na área de comentários abaixo.
Fique
ligado!
Guilherme Xavier
(Engenheiro - Diretor da Regional Rio da ABEClin)
A ABEClin, é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e de duração ilimitada. Foi estabelecida com o objetivo de incentivar, consolidar, integrar e qualificar os profissionais que atuam na área de Engenharia Clínica definindo-os da seguinte forma:
“O Engenheiro Clínico é o profissional que aplica as técnicas da engenharia no gerenciamento dos equipamentos de saúde com o objetivo de garantir a rastreabilidade, usabilidade, qualidade, eficácia, efetividade, segurança e desempenho destes equipamentos, no intuito de promover a segurança dos pacientes.”