No dia 29 de abril a divisão técnica de Urbanismo (DUR),em
uma parceria com a Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício
Hospitalar e a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA) trouxe
ao Clube de Engenharia a palestra “O espaço hospitalar e o equipamento dentro
desse espaço”. O tema expõe os desafios de profissionais que aplicam as
técnicas de engenharia no gerenciamento de equipamentos de saúde com o objetivo
de garantir rastreabilidade, usabilidade, qualidade, eficácia, efetividade,
segurança e desempenho desses equipamentos, promovendo a segurança de pacientes
e profissionais da saúde.
O palestrante Alexandre Ferreli Souza, engenheiro associado
do Clube de Engenharia, especializado na área, destacou que hospitais com
problemas na parte de projeto terão problemas também na sua manutenção e
poderão diminuir o fluxo operacional. “Se o projeto faz com que a manutenção
seja difícil de ser realizada, um leito pode ficar interditado em até uma
semana. Para o hospital, esse é um custo muito alto. Para o paciente, pode ser
um custo ainda maior em um estado carente de vagas em unidades de tratamento
intensivo, tanto públicas quanto privadas”, destacou Alexandre.
A Engenharia Clínica data da década de 1970, quando Thomas Hargest e César Cáceres criaram o termo Engenheiro Clínico. No Brasil, a profissão começa a despontar na década de 1990. O governo federal formou os primeiros profissionais e, logo depois, é criada a especialização na Unicamp. Hoje, o país tem cerca de nove cursos de especialização em engenharia clínica latu sensu e dois strictu sensu e o trabalho do engenheiro clínico, que começou apenas na área da segurança, passou a englobar o gerenciamento e controle de riscos, a notificação e controle de falhas, controle de equipamentos, análises de custo, manutenção de tecnologias de alta complexidade, avaliação tecnológica e gerenciamento de tecnologia.
A pouca utilização do planejamento no Brasil é também um desafio para esses engenheiros. “Quando você vai construir um hospital é necessário planejar, ainda que no Brasil esse seja um costume deixado no passado. É depois da definição de que equipamentos serão comprados que entra a arquitetura. É impossível projetar um centro cirúrgico sem saber o que ele terá que comportar. Sabemos que modificações posteriores implicam em atraso de cronograma e custos”, ressaltou Alexandre. Segundo ele, outro ponto exigido do profissional é o domínio de um pouco de cada conhecimento envolvido no processo: “É preciso saber o sufi ciente para se comunicar com os players envolvidos no processo. O engenheiro clínico precisa entender um pouco sobre a variedade de famílias de equipamentos, legislações e normas e sistemas variados”.
Alexandre apresentou casos práticos onde o projeto do hospital foi feito sem a definição dos equipamentos e compatibilizações necessárias. Em um dos casos apresentados, o teto não suportou a carga do autoclave, equipamento responsável pela limpeza dos instrumentos hospitalares. “Tiveram que retirar todas as muitas instalações prontas, fazer um tratamento químico na laje e, só então, reinstalar tudo”, contou Alexandre. Em outro caso apresentado pelo palestrante, a rampa, principal acesso do hospital, não aguentava peso acima de 300 quilos, causando problemas para a entrada e saída de equipamentos.
Fechando
o evento, Alexandre falou da necessidade do reconhecimento da profissão por
parte do sistema Confea/Crea. “O processo começou ano passado. Até o final do
ano, a situação da profissão deverá estar regularizado. A partir daí, atuaremos
na fiscalização com um checklist, incluindo o registro dos responsáveis em cada
hospital”, relatou o palestrante. O evento contou com o apoio das divisões
técnicas de Construção (DCO) e Engenharia Econômica (DEC).
Fonte: http://portalclubedeengenharia.org.br/info/jornal-do-clube-de-engenharia-n-554-maio-de-2015
A ABEClin, é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e de duração ilimitada. Foi estabelecida com o objetivo de incentivar, consolidar, integrar e qualificar os profissionais que atuam na área de Engenharia Clínica definindo-os da seguinte forma:
“O Engenheiro Clínico é o profissional que aplica as técnicas da engenharia no gerenciamento dos equipamentos de saúde com o objetivo de garantir a rastreabilidade, usabilidade, qualidade, eficácia, efetividade, segurança e desempenho destes equipamentos, no intuito de promover a segurança dos pacientes.”